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ONG Panthera traz esculturas de onças para Paris durante Olimpíadas para alertar sobre preservação

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Duas esculturas de onças do projeto Jaguar Parade, que faz escala atualmente no Rio de Janeiro, podem ser vistas até o final dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris em frente ao edifício da prefeitura de Saint-Ouent, subúrbio da região parisiense que é sede da delegação brasileira durante as Olimpíadas. A artista plástica carioca Ticiana Parada é autora de uma das onças exibidas na França. A segunda peça é uma criação do artista franco-brasileiro Augustin de Lassus.

A Jaguar Parede é uma iniciativa da ONG Panthera, líder mundial na preservação de felinos selvagens. A peça de Ticiana Parada representa a onça das florestas tropicais. Já a onça preta, customizada pelo artista gráfico, pintor e autor de murais Augustin de Lassus faz referência a um tipo de felino presente no Escudo das Guianas, região que engloba Brasil, Guiana, Guiana Francesa, Suriname, Venezuela e parte da Colômbia.

A diretora de Relações Institucionais da Panthera, Fernanda Ribeiro, veio a Paris para divulgar o projeto e falou sobre o trabalho da ONG. "A onça é provavelmente o maior símbolo da nossa diversidade, da nossa biodiversidade no Brasil e na América Latina, e eu acho que é muito importante esse tipo de iniciativa para que as pessoas se conscientizem cada vez mais da importância da conservação dessa espécie e o quanto isso diz também da conservação dos nossos ecossistemas", destacou em entrevista à RFI.

Segundo a representante da Panthera, como a onça está no topo da cadeia, para que ela consiga ter uma vivência num habitat, o resto precisa estar funcionando. "Todos os níveis de biodiversidade precisam estar no lugar. Precisa haver uma conectividade entre esses diferentes habitats, diferentes biomas", explicou.

Preservação brasileira

A ativista diz que o Brasil tem uma mensagem positiva para transmitir ao mundo. Um dado pouco conhecido no exterior é que o país possui 80% de toda a população global de onças. "Isso quer dizer que a gente está fazendo alguma coisa certa. Quer dizer que os nossos habitats estão bem preservados, estão bem conectados, funcionais e que não existe conservação de onça sem o Brasil", declara.

Uma das características principais do projeto Jaguar Parade é estabelecer essa relação próxima da onça com a cultura brasileira. "A onça representa a força, ela representa a beleza e a resiliência. Você superar limites e barreiras, e tudo isso representa muito o nosso povo brasileiro também", sublinha Fernanda.

De acordo com a Panthera, ainda existem populações importantes de felinos selvagens na Amazônia, em ambientes mais preservados. A segunda população mais importante está no Pantanal. "Apesar de todas as ameaças do fogo e das pressões humanas no Pantanal, esse bioma ainda é um ecossistema-chave para a conservação das onças", garante Fernanda.

Augustin de Lassus terminou sua onça exclusiva e única na capital francesa. "Estou me esforçando bastante no objetivo de realizar a melhor obra possível", contou. "A questão amazônica, o Pantanal, o Escudo das Guianas, o mundo inteiro sabe da importância. Todos nós sabemos os reveses que a gente sofre quando começamos a desmatar para colocar monocultura ou gado. Por outro lado, o ser humano consome esses alimentos. Então a gente está num paradoxo entre crescimento e evolução da nossa humanidade e preservação do planeta. É o grande paradoxo contemporâneo, entre outros", disse o artista à RFI.

França protege seus biomas

Criado no sul do Brasil, Augustin de Lassus veio passar uma temporada com a família no país de seus pais e avós. Há um ano e meio, Augustin, sua mulher e os dois filhos pequenos se instalaram na região dos Pirineus e logo perceberam que os franceses também preservam a natureza.

"Muitas vezes a gente tem um pouco um estereótipo que a França já não tem mais natureza, já não tem mais floresta, mas não é bem assim. A forma que se preserva na Europa também é muito interessante. Tem florestas maravilhosas. A região onde eu moro, lá no sul, nos Pirineus, tem centenas de milhares de quilômetros quadrados de natureza preservada, parques ambientais. É uma fauna e flora muito rica e abundante. Então, eu admiro muito também a natureza na França, apesar dela ser mais singela, de ter espécies específicas e uma menor biodiversidade", disse o artista plástico.

Unindo forças, na opinião de Augustin, os dois países podem fazer muito pelas causas ambientais. Eu acho que nós somos povos, talvez pela nossa origem latina, talvez pelo nosso Direito que se aproxima, nossos princípios, eu acho que somos povos irmãos nesse sentido, de trabalhar pelo bem do planeta e por consequência pelo bem do ser humano e das gerações futuras", afirmou.

Jaguar Parade virá para Paris

A ONG Panthera aproveita a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris para anunciar que a capital francesa também terá a sua Jaguar Parede, exposição urbana de esculturas de onças, como acontece atualmente nas ruas do Rio de Janeiro. Será em julho de 2025, quando o Acordo de Paris sobre o clima estará completando dez anos e em meio à programação do ano Brasil-França. O projeto faz sucesso por onde passa. Já esteve em Florianópolis, São Paulo e Nova York.

Segundo Fernanda Ribeiro, os dois países têm em implicação forte na questão da conservação da onça-pintada. Existe um roteiro de conservação da onça para as Américas, que tanto o Brasil quanto a França são signatários, e um comprometimento significativo no investimento dos países, principalmente no Escudo das Guianas A onça de Augustin de Lassus representa as características da vegetação encontrada no relevo dessa região ao norte da América do Sul.

"São coisas muito sutis, mas que através da obra de arte as pessoas têm um acesso muito mais direto, do que estar lendo um texto, uma coisa na internet. Acho que a arte gera essa conexão, que é muito mais primal e forte e que aí traz essa conscientização que é importante", observa a ativista da Panthera.

Já houve um declínio muito grande das onças na Mata Atlântica, no Cerrado e na Caatinga. "Estar presentes também nesses outros biomas é uma prova a mais do quanto elas são resistentes e resilientes a todas essas mudanças antrópicas", explica a brasileira. "O grande perigo é que uma vez que você perde a conectividade entre esses diferentes ecossistemas, essas populações ficam ameaçadas porque elas perdem a diversidade genética", alerta a ativista.

A onça é um animal que precisa se movimentar por longas extensões de territórios. A criação de parques nacionais e estaduais é sempre bem-vinda. "Mas, para além dessas áreas protegidas, é preciso olhar para os corredores ecológicos, corredores culturais, porque existe uma relação muito forte dessas populações locais, comunidades, povos indígenas, comunidades tradicionais, com a presença da onça", destaca Fernanda Ribeiro.

"Para eles, a onça é um ser mítico, é o guardião do espírito da floresta, sabe? Então assim, quando você perde a onça, você não perde só uma espécie. Você perde esse vínculo cultural, espiritual, humano que é uma parte essencial", conclui a diretora de Relações Institucionais da Panthera.

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Duas esculturas de onças do projeto Jaguar Parade, que faz escala atualmente no Rio de Janeiro, podem ser vistas até o final dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris em frente ao edifício da prefeitura de Saint-Ouent, subúrbio da região parisiense que é sede da delegação brasileira durante as Olimpíadas. A artista plástica carioca Ticiana Parada é autora de uma das onças exibidas na França. A segunda peça é uma criação do artista franco-brasileiro Augustin de Lassus.

A Jaguar Parede é uma iniciativa da ONG Panthera, líder mundial na preservação de felinos selvagens. A peça de Ticiana Parada representa a onça das florestas tropicais. Já a onça preta, customizada pelo artista gráfico, pintor e autor de murais Augustin de Lassus faz referência a um tipo de felino presente no Escudo das Guianas, região que engloba Brasil, Guiana, Guiana Francesa, Suriname, Venezuela e parte da Colômbia.

A diretora de Relações Institucionais da Panthera, Fernanda Ribeiro, veio a Paris para divulgar o projeto e falou sobre o trabalho da ONG. "A onça é provavelmente o maior símbolo da nossa diversidade, da nossa biodiversidade no Brasil e na América Latina, e eu acho que é muito importante esse tipo de iniciativa para que as pessoas se conscientizem cada vez mais da importância da conservação dessa espécie e o quanto isso diz também da conservação dos nossos ecossistemas", destacou em entrevista à RFI.

Segundo a representante da Panthera, como a onça está no topo da cadeia, para que ela consiga ter uma vivência num habitat, o resto precisa estar funcionando. "Todos os níveis de biodiversidade precisam estar no lugar. Precisa haver uma conectividade entre esses diferentes habitats, diferentes biomas", explicou.

Preservação brasileira

A ativista diz que o Brasil tem uma mensagem positiva para transmitir ao mundo. Um dado pouco conhecido no exterior é que o país possui 80% de toda a população global de onças. "Isso quer dizer que a gente está fazendo alguma coisa certa. Quer dizer que os nossos habitats estão bem preservados, estão bem conectados, funcionais e que não existe conservação de onça sem o Brasil", declara.

Uma das características principais do projeto Jaguar Parade é estabelecer essa relação próxima da onça com a cultura brasileira. "A onça representa a força, ela representa a beleza e a resiliência. Você superar limites e barreiras, e tudo isso representa muito o nosso povo brasileiro também", sublinha Fernanda.

De acordo com a Panthera, ainda existem populações importantes de felinos selvagens na Amazônia, em ambientes mais preservados. A segunda população mais importante está no Pantanal. "Apesar de todas as ameaças do fogo e das pressões humanas no Pantanal, esse bioma ainda é um ecossistema-chave para a conservação das onças", garante Fernanda.

Augustin de Lassus terminou sua onça exclusiva e única na capital francesa. "Estou me esforçando bastante no objetivo de realizar a melhor obra possível", contou. "A questão amazônica, o Pantanal, o Escudo das Guianas, o mundo inteiro sabe da importância. Todos nós sabemos os reveses que a gente sofre quando começamos a desmatar para colocar monocultura ou gado. Por outro lado, o ser humano consome esses alimentos. Então a gente está num paradoxo entre crescimento e evolução da nossa humanidade e preservação do planeta. É o grande paradoxo contemporâneo, entre outros", disse o artista à RFI.

França protege seus biomas

Criado no sul do Brasil, Augustin de Lassus veio passar uma temporada com a família no país de seus pais e avós. Há um ano e meio, Augustin, sua mulher e os dois filhos pequenos se instalaram na região dos Pirineus e logo perceberam que os franceses também preservam a natureza.

"Muitas vezes a gente tem um pouco um estereótipo que a França já não tem mais natureza, já não tem mais floresta, mas não é bem assim. A forma que se preserva na Europa também é muito interessante. Tem florestas maravilhosas. A região onde eu moro, lá no sul, nos Pirineus, tem centenas de milhares de quilômetros quadrados de natureza preservada, parques ambientais. É uma fauna e flora muito rica e abundante. Então, eu admiro muito também a natureza na França, apesar dela ser mais singela, de ter espécies específicas e uma menor biodiversidade", disse o artista plástico.

Unindo forças, na opinião de Augustin, os dois países podem fazer muito pelas causas ambientais. Eu acho que nós somos povos, talvez pela nossa origem latina, talvez pelo nosso Direito que se aproxima, nossos princípios, eu acho que somos povos irmãos nesse sentido, de trabalhar pelo bem do planeta e por consequência pelo bem do ser humano e das gerações futuras", afirmou.

Jaguar Parade virá para Paris

A ONG Panthera aproveita a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris para anunciar que a capital francesa também terá a sua Jaguar Parede, exposição urbana de esculturas de onças, como acontece atualmente nas ruas do Rio de Janeiro. Será em julho de 2025, quando o Acordo de Paris sobre o clima estará completando dez anos e em meio à programação do ano Brasil-França. O projeto faz sucesso por onde passa. Já esteve em Florianópolis, São Paulo e Nova York.

Segundo Fernanda Ribeiro, os dois países têm em implicação forte na questão da conservação da onça-pintada. Existe um roteiro de conservação da onça para as Américas, que tanto o Brasil quanto a França são signatários, e um comprometimento significativo no investimento dos países, principalmente no Escudo das Guianas A onça de Augustin de Lassus representa as características da vegetação encontrada no relevo dessa região ao norte da América do Sul.

"São coisas muito sutis, mas que através da obra de arte as pessoas têm um acesso muito mais direto, do que estar lendo um texto, uma coisa na internet. Acho que a arte gera essa conexão, que é muito mais primal e forte e que aí traz essa conscientização que é importante", observa a ativista da Panthera.

Já houve um declínio muito grande das onças na Mata Atlântica, no Cerrado e na Caatinga. "Estar presentes também nesses outros biomas é uma prova a mais do quanto elas são resistentes e resilientes a todas essas mudanças antrópicas", explica a brasileira. "O grande perigo é que uma vez que você perde a conectividade entre esses diferentes ecossistemas, essas populações ficam ameaçadas porque elas perdem a diversidade genética", alerta a ativista.

A onça é um animal que precisa se movimentar por longas extensões de territórios. A criação de parques nacionais e estaduais é sempre bem-vinda. "Mas, para além dessas áreas protegidas, é preciso olhar para os corredores ecológicos, corredores culturais, porque existe uma relação muito forte dessas populações locais, comunidades, povos indígenas, comunidades tradicionais, com a presença da onça", destaca Fernanda Ribeiro.

"Para eles, a onça é um ser mítico, é o guardião do espírito da floresta, sabe? Então assim, quando você perde a onça, você não perde só uma espécie. Você perde esse vínculo cultural, espiritual, humano que é uma parte essencial", conclui a diretora de Relações Institucionais da Panthera.

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